sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Renata de Viveiros Vieira Lopes - estudante de direito
renatavvlopes@yahoo.com.br
Relação entre orientador e orientando
1. FUNDAMENTAÇÃO
A escolha do orientador fica a livre critério do aluno, decorrente da afinidade entre o tema da monografia, a área e a linha de pesquisa do mestre, desde que este pertença ao corpo docente da instituição. Se o aluno, até o período de depósito da monografia não tiver nenhum orientador, a coordenação do curso encaminhará o seu projeto monográfico a um orientador, que nesse caso, fica a critério da mesma.
O orientador tem o papel de acompanhar o conjunto de atividades relativas à monografia de graduação, assim como acompanhar o processo de definição do tema, elaboração do projeto, execução de pesquisa, de redação e apresentação do texto final da monografia de graduação.
Na realidade, a função do orientador é dar suporte ao desenvolvimento da capacidade de pesquisa do estudante, o qual, além de possuir ampla liberdade de escolha da temática da monografia, é também o responsável pelo conteúdo final do trabalho.
Ao permitir que Frederico apresente sua monografia do jeito que ela se encontra, ou deixar que ele faça quaisquer modificações que acreditar ser conveniente, tal atitude estaria demonstrando certo descomprometimento do orientador em relação a seu orientando, pois Frederico por ser desprovido da experiência necessária e estando sob a posse de uma monografia insuficiente, obviamente estaria destinado a fracassar. Tal fato ocasionará um tremendo desgosto aos seus familiares e amigos, que o acompanharam e torceram para que obtivesse êxito.
Tal atitude não somente prejudicará Frederico, como poderá acarretar alguns dissabores ao orientador, isto que, mesmo indiretamente, foi o responsável pelo insucesso de seu aluno, podendo ser uma mancha em sua carreira como orientador de monografia.
Outra possibilidade a ser discutida é a que Virgulino poderá sugerir a Frederico que corrija a sua monografia da maneira que for possível e, apresentá-la mesmo que ainda contenha uma série de erros. Mas tal possibilidade, ao invés de se tornar uma solução, poderia vir a se tornar um fator desfavorável a Frederico, pois há o fato de faltarem 15 dias para o encerramento do prazo para o depósito das monografias e a de Frederico possui muitas paráfrases não referenciadas no corpo do texto, falhas na redação e coesão no desenvolvimento da argumentação.
Assim, é muito provável que Frederico não consiga realizar as correções necessárias, tendo em vista um notável desinteresse por patê do mesmo, o que poderá, provavelmente, ocasionar uma reprovação. Mas, poderá acontecer o inverso. Frederico poderá, mesmo em um curto espaço de tempo, corrigir todas as falhas apontadas e entregar uma monografia maravilhosa, obtendo uma excelente nota, suficiente para a sua aprovação.
Agora, se Frederico não se empenhar, poderá passar pela situação vexatória de não obter êxito em sua apresentação, vindo a ser contemplado com uma reprovação, e fazendo com que o comprometimento de seu orientador seja duvidoso, pois Virgulino havia permitido a apresentação de uma monografia de baixa qualidade.
A meu ver, a solução mais plausível é que Virgulino oriente Frederico a não apresentar sua monografia, deixando-a para o semestre posterior. Desta forma, Frederico teria a oportunidade de corrigir as várias paráfrases que não foram referenciadas co corpo de texto, as falhas na redação e coesão no desenvolvimento da argumentação, aumentando as suas chances de aprovação. Essa alternativa poderá acarretar constrangimentos para com os familiares e amigos, pois o orientando não formará grau na data programada no início do curso. Constrangimento este que poderia ter sido evitado se Frederico tivesse tido maior responsabilidade para com sua monografia.
Se o Professor Virgulino escolher essa alternativa, estará agindo corretamente, pois não estará se expondo e, seguindo o raciocínio de que o trabalho científico é de exclusiva responsabilidade do autor, não será possível a correção do mesmo em apenas 15 dias.
Muitas alternativas foram discutidas, e uma delas é a de que Virgulino poderia ajudar diretamente na monografia de Frederico, efetuando todas as alterações necessárias, eximindo seu orientador de qualquer trabalho. Seria uma opção não muito condizente, pois a função do orientador é bem clara: é a de orientar o aluno no que o mesmo precisar para o desenvolvimento de uma boa redação e consequentemente de uma boa monografia. E não o papel de corrigi os erros do aluno, pois dessa forma, Frederico não estaria aprendendo e nem passaria a possuir mais responsabilidade para com as suas obrigações.
,as observando por outro ângulo, Virgulino, por ser munido de capacidade para corrigir todas as falhas do trabalho de Frederico, estaria tornando a monografia do mesmo digna de ser apreciada pela banca, deixando apenas uma única responsabilidade à Frederico: preparar-se para realizar uma boa apresentação.
A realizar tal conduta, seria posta em questão a ética do orientador. Se vier a ser descoberto, Virgulino poderá ser submetido a uma sanção administrativa de sua instituição, assim como Frederico, que poderá vir a ter a sua reprovação declarada de imediato.
Por fim, uma das últimas questões discutidas é a de que Virgulino poderia orientar Frederico a não apresentar a sua monografia, mas caso ele insista na apresentação, renunciar como seu orientador. O orientador tem como função levar à avaliação da banca apenas as boas monografias, as que atendam a um mínimo de qualidade esperado. Se não adotar tal postura, o orientador poderá ser visto como displicente ou, ainda, poderá ter seus métodos e conhecimentos colocados em questão.
Levando uma monografia possuidora de muitas falhas à avaliação de uma banca examinadora, Virgulino poderá ariscar seu nome como orientador, fazendo com que muitos outros orientadores pensem duas vezes antes de procurá-lo, já que, ficará conhecido como o orientador de uma monografia não aprovada.
No caso de Virgulino não convencer Frederico em adiar a apresentação de sua monografia, deverá este deixar de ser seu orientador, eximindo-se, assim, de qualquer insucesso do orientando. Creio que seria, nesse caso de insistência por parte do orientando, a decisão mais sensata a ser tomada por parte de Virgulino.
A questão não trata somente da apresentação de um trabalho acadêmico, mas sim da colação de grau de um universitário, que é uma etapa fundamental para transição de uma nova etapa de sua vida.
O orientador, ao evitar que uma monografia de baixa qualidade seja apresentada, estará possibilitando uma nova oportunidade ao orientando, fazendo com que este corrija suas falhas e venha a obter logro em sua apresentação e trabalho. Esta conduta de adiamento tanto por parte do orientador e do orientando, estará demonstrando um comprometimento de ambas as partes, e ambos se sacrificarão a partir do momento que o aluno passará pelo constrangimento de não se formar na data programada corrigindo os erros contidos na monografia e o orientador passará mais um semestre o orientando.
Mas, se o orientador optar em permitir que o orientando apresente o trabalho da forma que está, poderá correr sérios riscos que marcarão a sua carreira por toda a vida. Além de não estar respeitando valores éticos e morais em relação ao seu trabalho. Por isso é de suma importância a decisão do orientador, que deve não somente buscar o sucesso de seu orientando, mas também deve respeitar vários princípios.

2. CONCLUSÃO
Como já havia sido discorrida, a relação entre orientador e orientando é muito delicada, envolvendo muitos fatores relevantes. Tem que haver por parte de ambos, um interesse. Interesse esse de orientar o formando a realizar um trabalho de qualidade e interesse por parte do orientando em estar sempre procurando o orientador em um espaço de tempo razoável, não deixando tudo pra cima da hora, podendo ocasionar situações críticas como a do caso relatado.
Creio que há duas alternativas que concordo. Primeiramente a de Virgulino orientar Frederico a não apresentar o projeto, pois o mesmo possui muitos erros que talvez não possam ser sanados em apenas 15 dias para o depósito. Poderá não ser uma monografia digna de aprovação.
Mas, se Virgulino não conseguir convencer Frederico que o melhor a fazer é deixar a apresentação da monografia para o semestre posterior, deverá o mesmo renunciar ao cargo de orientador. Pois há muitas questões éticas e profissionais em risco. Como o seu nome, o nome da instituição envolvida, e até problemas futuros para com orientação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário